O Ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, recomendou nesta sexta-feira que os militares das Forças Armadas Angolanas (FAA) na Região Militar Cabinda se mantenham permanentemente vigilantes, visando a preservação da paz, soberania e das instituições do Estado, perante qualquer ameaça.
É uma posição no mínimo curiosa. Isto porque, segundo as teses do regime, Cabinda é uma região há muito pacificada. Pelo que parece, João Lourenço tem outras informações que podem indiciar duas coisas. Ou a FLEC está de facto viva e disposta, apesar de tudo, a lutar, ou está em preparação uma – mais uma – caça às bruxas, mesmo que elas não existam.
“A província de Cabinda tem um particular histórico na sua trajectória para a soberania nacional. Daqui saíram grandes combatentes que aprenderam a defender o país não só a província de Cabinda, como noutras regiões de Angola. Para isso, temos em memória muitos desses valorosos combatentes quando ainda a província era II região Militar”, recordou João Lourenço.
O governante apelou às Forças Armadas em Cabinda para estarem atentas na defesa das fronteiras com os países vizinhos. Sim, porque qualquer acção que eventualmente a FLEC leve a cabo será sempre, do ponto de vista do regime, atribuída a bandos terroristas que se alojam noutros países.
“Temos que estar sempre em prontidão e estado de alerta. É necessário a preparação combativa permanente, para que as nossas fronteiras sejam protegidas e ninguém possa vir molestar a paz que o país tem. Cabe a vós essa missão para a defesa da soberania e integridade territorial”, disse o ministro, quase parecendo que Angola não tem fronteiras outros países para além das de Cabinda.
O Ministro da Defesa Nacional, que falava na parada na 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, na localidade de Ntó, disse também que neste momento de paz e dos 39 anos de Independência Nacional, as FAA devem participar em tarefas que visam garantir o aumento da economia nacional.
“Para o nosso país aumentar a sua economia é preciso que haja estabilidade politica. São as Forças Armadas o garante dessa segurança e estabilidade, para que todos possam trabalhar para o engrandecimento de Angola e seu desenvolvimento em todos os sectores da vida nacional”, frisou o ministro, certamente tendo no subconsciente o papel das Forças Armadas do Burkina Faso.
Durante a sua curta visita a Cabinda, o Ministro da Defesa Nacional, que se fez acompanhar do Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas, general Sachipengo Nunda e do Comandante do Exército general Lúcio Amaral, manteve um encontro com a direcção do Comando da Região Militar Cabinda onde recebeu informações sobre a situação político militar da região tida de calma e estável.
Calma e estável? Quem diria?